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sexta-feira, 7 de março de 2008

Boletim da Língua Portuguesa - Março 2008

O Boletim da Língua Portuguesa presta, nesta edição, uma especial homenagem a Pedro Nunes, médico, matemático e professor, que viveu no século 16.
Numa pequena pesquisa sobre a sua obra, demos conta que Pedro Nunes aprendeu as primeiras letras em Portugal e portanto, como era normal para a época, esses estudos incluíram certamente o latim. Ao querer aceder a estudos universitários do mais alto nível foi para Salamanca, entre 1520 a 1526, e aí procurou aprender detalhadamente tudo o que dizia respeito às Artes, à Matemática e à Medicina.
Mais tarde, já depois de formado, começa a ensinar filosofia moral, vindo posteriormente a assegurar também as cadeiras de lógica e metafísica, na universidade.
Soubemos também através desta pesquisa que os físicos de então, que eram os cultores da ciência médica, eram também, em simultâneo, os estudiosos da astronomia pois os médicos precisavam de conhecer a astronomia para a aplicarem à clínica astrológica.
Para além da sua inteligência rara e dos seus inventos notáveis, como o nónio, por exemplo, o que nos apaixona em Pedro Nunes é esta sua capacidade para se interessar por temas tão diversos mas tão reveladores da indissociável união do conhecimento científico, que só está espartilhado, pelas diversas disciplinas, por pura conveniência metodológica de estudo.
No princípio era a filosofia, que tudo abarcava e incluía. Ser filósofo, era saber tudo sobre tudo. Mas a partir de certa altura, a humanidade precisou de percorrer uma longa caminhada, digamos que iniciática, rumo a “novas ilhas, novas terras, novos mares, novos povos,” como disse Pedro Nunes referindo-se aos portugueses que “ousaram cometer o grande mar oceano” para descobrirem novas estrelas, noutros céus científicos.
Uma outra característica de Pedro Nunes, muitas vezes esquecida, ou no mínimo relegada para segundo plano, foi a capacidade que ele tinha de utilizar, as palavras impregnando-as, de uma prática humanista que além de bem portuguesa era também, sem dúvida, muito europeia já para os parâmetros daquela época como para os actuais.
Finalmente resta-nos referir, neste pequeno editorial, o que Pedro Nunes nos ensina sobre os Descobrimentos:
“…estes Descobrimentos não se fizeram indo a acertar; mas partiam os nossos mareantes mui ensinados e providos de instrumentos e regras de astrologia e geometria. Que resultados se tinham obtido desta preparação técnica? Não há dúvida que as navegações deste reino, continuava ele, são as maiores, as mais maravilhosas, as mais altas e de mais discretas conjecturas que as de nenhuma outra gente do mundo….Os portugueses ousaram cometer o grande mar oceano e entraram por ele sem nenhum receio.
Contudo, apesar de tão fundamental para a evolução do conhecimento científico e matemático, daquele tempo, e tão decisivo para a missão da descoberta de novos mundos ao mundo, protagonizado pelo povo português, Pedro Nunes teve os seus detractores e críticos injustos, como por exemplo Diogo de Sá. Divergente em muitas particularidades matemáticas não conseguiu, Diogo de Sá deixar de convergir num ponto fundamental que foi o de considerar as navegações portuguesas as melhores até então realizadas. Concluiu ainda que só através delas foi possível destruir as insuficientes ou falsas informações dos autores clássicos para quem, por exemplo, e segundo se lê nos Lusíadas, o Cabo da Boa Esperança nunca fora digno de nota nem objectivo a alcançar.

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